Plurais Urbanos e Educação

Paulo Freire

“Os homens se educam entre si mediados pelo mundo”

Paulo Freire

 

Na última quarta feira, dia 06, o Plurais Urbanos se reuniu na casa da querida professora Simone Castro, ali na Serrinha, à beira da Lagoa da Itaperoaba, uma casa feita para os encontros, daquelas que da vontade de esticar a noite até a primeira luz do dia lembrar a gente que é preciso ir embora. Uma vista privilegiada do bairro, da lagoa que está prestes a ser urbanizada, das casas baixas que parecem estar em outro tempo da cidade, sem arranha céus, correria desenfreada de carros, enfim, uma suspensão no tempo.

Ali o nos reunirmos com educadores do município, amigos pedagogos e interessados na temática da educação. A ideia era discutir sobre o atual quadro da educação no município e como uma possível candidatura poderia agregar o debate em bom nível e pensar na educação de forma mais ampla, como o tema merece ser tratado.

Em meio a encontros fraternos e acepipes deliciosos preparados pela anfitriã a turma de luta se organizou e começou o debate, primeiro trazendo à tona o dia a dia deles dentro das escolas, a realidade do equipamento, a condição dos materiais, a situação salarial e o relacionamento com o estado, as dificuldades das metas e como o ensino se acaba em meio a números. As formações, o que avança e o que se torna obsoleto em meio a temáticas que fogem da realidade das comunidades onde as escolas estão inseridas, os desafios em entender toda uma geração totalmente particular, em seus anseios, dinâmicas e culturas.

0b80d7be-3069-482c-ac96-d36680fd86b1

E para além da realidade própria do município, olhar a cadeia errada que envolve a educação, seu financiamento, os panoramas federais e estaduais e a necessidade de uma revolução total no ensino para atingirmos um nível satisfatório de educação, o grupo foi tomado pelo desejo de mudança e a certeza de que no cerne desse caos é onde moveremos nossa esperança, as ocupações nas escolas e a luta dos estudantes inspiraram as conversas e em determinado momento, diante de todo o quadro político nacional, ficou acertado a fundação do COLETIVO PAULO FREIRE, que será ligado ao Plurais Urbanos e será uma plataforma temática na em nossa pré campanha para vereador.

O coletivo se reunirá novamente no dia 22 de Julho, com alunos de escolas ocupadas e demais professores, trazendo mais propostas, mais troca de conhecimento, mais espírito coletivo, e força criativa pra gente pensar uma possível atuação da Câmara Municipal. Paulo Freire foi unânime na mesa, sua forma revolucionária de pensar a educação, entendendo como objetivo a formação crítica do indivíduo para olhar o mundo através de seu local em busca da construção de indivíduos autônomos, livres.

Inclusive foi unânime o repúdio a alteração do artigo sobre Paulo freire, no Wikipédia, ligado ao governo, onde o educador é um “doutrinador marxista” e que sua forma de ver educação é “atrasada, doutrinária e fraca”. O Coletivo Paulo Freire é uma resistência a isso, uma forma de repúdio e uma construção amorosa em torno da temática da educação. A próxima reunião do coletivo será dia 22 de Julho e dessa vez, para além dos professores, teremos alunos de escolas ocupadas ajudando na criação dessa plataforma.

e74ab863-d273-413f-afa1-7963c8da9611

#PluraisUrbanos

#DavidFaustino

VIVA PAULO FREIRE!

Dia mundial de conscientização sobre a doença falciforme.

photo888648005516896462

Você sabe o que é a Doença Falciforme?

Pois muitas pessoas devem ter próximo alguém com doença Falciforme sem saber.

O problema é basicamente esse, a falta de conhecimento sobre uma doença tão crônica, que está profundamente ligada a construção étnica brasileira, permeia a história da diáspora africana e a escravidão no Brasil.

 A Doença Falciforme é hereditária, caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma “foice”, daí o nome FALCIforme. Essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia.

 As pesquisas indicam que a doença surgiu na África, por alguma alteração genética, e foi trazida ao Brasil pelos africanos escravizados, durante a diáspora africana, tanto é que os focos onde a doença é mais popular são na Bahia, Minas Gerais, Pernambuco e Rio de Janeiro, onde houve uma maior incidência de negros escravizados. No Ceará temos cerca de mais de 450 registros, porém, sabe-se que podem existir mais de UM MILHÃO de outros casos que não estão catalogados por questão de falta de conhecimento e conscientização.

1

Os sintomas mais comuns da doença são as dores locais, geralmente dores súbitas no peito, há baixos níveis de oxigênio no corpo, desidratação, fadiga, febre, mal estar ou tontura, afeta no desenvolvimento da pessoa, em alguns casos como puberdade precoce. O que ocorre, basicamente, é que a célula, tem ser formado em “disco”, o que facilita sua fluidez, com o formato em foice, ela acaba por não fluir como deveria, prejudicando a circulação sanguínea.

2

 A doença, que deveria ser comum pela grande miscigenação étnica que o Brasil tem ao longo de sua história, não é tratada de forma correta por muito profissionais, que em muitos casos se esquecem de fazer um acompanhamento mais adequado para descoberta e tratamento.

3

Hoje, em nossa visita ao Hemoce, conhecemos Ronaldo, presidente da Associação Cearense das Pessoas com Doença Falciforme e o Dr. Osanildo Nascimento que trocaram uma ideia conosco sobre a necessidade de conscientizar a população sobre a necessidade de conhecermos mais sobre a doença. Ações pontuais, em frente ao Hemoce, com cartazes, distribuição de camisas e bonés e debates sobre a temática foram feitas na manhã dessa sexta feita, tendo em vista que dia 19 de junho é o dia mundial de conscientização sobre a doença falciforme.

photo888648005516896464

Um agradecimento especial a enfermeira Adlene que nos convidou para participar deste evento pra lá de especial.

O Plurais Urbanos está junto dessa galera, ajudando a avançar na conscientização da doença.

 Valeu!

 David Faustino

Sobre a questão indígena!!!

1453

Essa semana tivemos as “comemorações” do dia do índio, mas conversamos sempre muito pouco sobre o assunto. Então que tal uma troca de ideias pra gente começar a olhar a temática com mais cuidado. É preciso lembrar que não trago soluções ou análises miraculosas, o papel desse espaço é começar a debater temáticas cada dia mais latentes e que nos pega, por vezes, desprevenido. Mas vamos lá! Construir juntos e compartilhar ideias e conhecimento. Porém, primeiro é preciso entender que o nosso compromisso é defender a luta dos povos indígenas, suas identidades, territórios e visibilidade, combater a descriminação e desigualdade e ressaltar o direito a diversidade cultural e religiosa.

No processo histórico de colonização do Brasil, os povos indígenas foram mortos, caçados, escravizados, expulsos de suas terras. Em muitos casos, foram negados inclusive o direito de existir, como no decreto da província do Ceará de 1863 que declarava que não havia mais índios no Estado, causando uma grande exclusão social, política e cultural destes povos. Até hoje, a luta pelo reconhecimento dessa etnia é negada, não somente pelo Estado, mas por alguns originários, que por causa desta pressão discriminatória, têm receio de declarar sua descendência.

DSC06343

Mesmo com tudo isso, vemos no Ceará uma luta crescente pelo “existir”. São cerca de 16 etnias indígenas, sendo os mais conhecidos os Jenipapo-Canindé, em Aquiraz; os Tapeba, na Caucaia; Pitaguary, em Maracanaú e Pacatuba, e os Tremembé, que vivem na região de Almofala (Itarema) e Itapipoca, tendo esses últimos uma história importante de luta pela terra, fundando a ONG Missão Tremembé, capitaneada por Maria Amélia, que dedicou boa parte de sua vida às causas indígenas.

Mas por que tanto alvoroço na luta pela terra indígena? Vou trazer o que mais me fustiga. Acredito que o atual sistema econômico não enxerga nas aldeias indígenas um potencial econômico que agrade seu modo predatório. O modo de vida nativo enxerga o mundo de outra forma, não tem vínculos de consumo, dedica uma pequena parte de seu dia ao trabalho – o suficiente para manter sua aldeia – e nas outras horas se destina a outros afazeres, como festas, artesanato, jogos, ócio, religião, enfim, outras tantas atividades que o conectam com sua aldeia, sua ancestralidade e cultura. Além disso, a perspectiva de mundo indígena entende o homem como parte viva da natureza e não como explorador da mesma. O capital não consegue imaginar o mundo assim, pra ele todos têm de trabalhar, produzir e consumir para uma minoria “privilegiada” gozar.

image

Muitas comunidades indígenas estão estabelecidas em locais de interesse do capital. Como os Tremembé em Itapipoca, que estão próximos a praia da Baleia e sofriam durante anos com os avanços covardes de empresários que queriam instalar um complexo de resort’s em seu território, prometendo empregos e outros benefícios irreais. Aliás, sobre isso é importante alertar que em todos os casos, esses empreendimentos ocupam territórios históricos, empregam os nativos em subempregos, com salários que não pagam a autonomia com a qual vivem, são ambientalmente predatórios e em pouco tempo acabam com a identidade local, atraindo turismo sexual, tráfico de drogas e etc…

O indígena tem uma relação de preservação do bioma em que está inserido. Mesmo produzindo seus pés de roça para farinhada, seu feijão e seu milho, é possível, em muitas comunidades – sobretudo as mais rurais – ver que muitos preservam sementes nativas (criolas) e não fazem uso de agrotóxico. Além de cultivarem plantas seculares para seus rituais de celebração da vida, natureza, ancestralidade, enfim, como os próprios Tremembé fazem na famosa festa do Murici e Batiputá, onde celebram a colheita dessas espécies.

indio01

E são muitos os desafios indígenas, um deles é conseguir barrar a PEC 215 que dá ao congresso o poder de demarcar suas terras. Ora, num congresso onde maioria é ruralista fica claro que se trata de uma manobra crucial contra esses povos. Aliás, deveria caber ao governo, através de órgãos sérios de estudo e pesquisa, a delimitação correta e urgente desse território, uma vez que a cada dia muitas e muitas fatias de espaço são subtraídas dos povos indígenas. Outro enfrentamento é contra o preconceito, precisamos entender que ser índio não significa ter que andar nu e morar em oca, é imprescindível acabar com essa ignorância e compreender que existem ainda muitos indígenas no Brasil e que eles não estão perdendo sua cultura, afinal, a cultura está em constante transformação, não se perde, então índio pode sim ter celular (e deve) e nossa troca deve ser justa com eles, não impositiva e dominadora (como é!).

SAM_0773

É necessário, enquanto partido e sociedade, entender a importância da pluralidade étnica que constrói nossa nação, entender a questão indígena através da fala para os próprios índios, compreendendo seu modo de vida e sua forma de enxergar o mundo e, principalmente, sabendo que aqui cabem todas essas identidades e, quanto mais plurais, mais nossa construção enquanto cidadãos será tolerante e consciente.

Viva o Instituto Mais Crescer…

IMG_1007

Nessa última quarta feira, fui até o Instituto Mais Crescer, coordenado pela assistente social Maria Alice, conhecer a creche e saber mais do trabalho que ela e sua equipe desenvolvem no Quintino Cunha. Hoje são dois projetos (creches) que Maria Alice coordena, são cerca de 160 crianças matriculadas, de 1 à 3 anos; 60 na sede do Quintino Cunha e 100 crianças no Monte Sião, creche parceira que atua na Granja Portugal.

A creche faz um trabalho excepcional, atuando em período integral, recebendo crianças de famílias de baixa renda, maioria em estado de vulnerabilidade. Durante o dia as crianças recebem cinco refeições, tomam banho, brincam, interagem com outras crianças, participam de atividades lúdicas, vão ao parquinho, enfim, uma série de atividades que desenvolvem a parte motora e cognitiva dos pequenos.

IMG_1006

Conversando com Joana d’Arc, coordenadora pedagógica, podemos sentir um pouco do clima que tange o local “É bom trabalhar aqui, a minha equipe é boa, as meninas são capacitadas, caem na batalha, uma ajuda às outra; e as crianças, que a gente tem um amor grande, quando não estou aqui sinto saudades”.

É um trabalho que é mais tocado com amor do que com aportes financeiros. A casa é alugada, não pertence ao Mais Crescer, além disso, os tramites burocráticos impedem, a todo o instante, a possibilidade do Instituto poder crescer com suas atividades. A missão é ampliar a creche, adquirir o local e levar o instituto para outros lugares e, quem sabe, outros públicos vulneráveis.

IMG_1005

Além da creche o espaço também serve para acolher as famílias vizinhas que, por vezes, passam dificuldades maiores, segundo a Luciana Kelly, secretária do Instituto: “A gente acolhe famílias, recebe, ajuda, a medida do possível. A mãe as vezes chega aqui com dificuldades e a gente corre pra ajudar, as vezes é uma conversa, muitas vezes é um arroz, um feijão…”. A entidade se preocupa com o fortalecimento dos vínculos, “não queremos substituir as mães, mas apenas fortalecer os vínculos e dar o suporte para que seus filhos tenham os direitos assegurados”.

Essas iniciativas são fundamentais para a dinâmica da comunidade, mas elas devem ter um aporte mais seguro por parte do poder público, nada pode faltar, os repasses devem estar sempre em dia e a medida do possível desburocratizar as ações que beneficiem esses trabalhos, agora, pra isso, é preciso estar lá, olhar de perto, ser mais que uma foto na parede.

Fiquei de voltar e levar Ana Julia pra festa com essa criançada!

Abraços…

Celebração anual das lutas por direitos das mulheres

tecelas-mortas-sindicalistas
Dia internacional da mulher ou qualquer outra data que possua um diferencial, serve como pretexto para o comercio, se não há pretexto cria-se um, e lá vem a propaganda para nos convencer da importância do presente, como se nossos sentimentos estivessem contidos naquele material enquanto nos afastamos cada vez mais da verdade. E assim nos tornamos espectadores da vida, assimilando o que nos é imposto pelo capitalismo. Esquecemos do real sentido da data comemorativa, das lutas de nossos antepassados, das conquistas, dos avanços, perdemos a consciência de nós mesmos enquanto seres pensantes.
No Dia 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho.
mulheresTorneios1
A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.
Porém, somente no ano de 1910, durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que o 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”, em homenagem as mulheres que morreram na fábrica em 1857. Mas somente no ano de 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Ao ser criada esta data, não se pretendia apenas comemorar. Na maioria dos países, realizam-se conferências, debates e reuniões cujo objetivo é discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço é para tentar diminuir e, quem sabe um dia terminar, com o preconceito e a desvalorização da mulher. Mesmo com todos os avanços, elas ainda sofrem, em muitos locais, com salários baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho e desvantagens na carreira profissional. Muito foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história.

Bibliografia

Mulher, sociedade e direitos humanos (coleção Temas Especiais)

Autor: Andreucci, Ana Cláudia

 A mulher e seus direitos

Autor: Ramos, Jo

 

Pré-carnaval e a alegria da rua

pre-carnaval

Foto: Kid Júnior/ Diário do Nordeste

Mal saímos de dezembro e o novo ano já chega trazendo o período pré-carnavalesco pra agitar a cidade, que a cada dia que passa fica mais cheia e mais quente. Eu sempre acabo escutando por aí frases do tipo “não sei pra que essa besteira de carnaval”, “pra mim deveria investir esse dinheiro em saúde e educação” ou “só serve pra juntar bandido”. Já digo logo que discordo completamente das afirmações, acho o carnaval fundamental pro humor, afeto e pulsação da cidade.

Primeiro que o pré-carnaval, que nos conduz alegremente pela avenida de janeiro até os primeiros respiros de fevereiro – que, nesse ano, anuncia o carnaval logo nas primeiras semanas – garante a gente uma suspensão na vida chata e modorrenta das obrigações que nossas expectativas geram com os desejos e construções do novo ano que se inicia. Então, pra mim é bom poder me jogar no Luxo da Aldeia as sextas feiras no Mercado dos Pinhões e depois dar um pulo no pagode da Mocinha, ali perto da João Cordeiro, finalizar o dia com uma cervejinha gelada, os amigos e um monte de gente sorrindo, se entregando à folia.

Muito da grana dos grupos vem dos editais de cultura, prática interessante mais ainda insuficiente, além de desorganizado, burocratizado e sempre atrasado os editais representam valores pequenos e muitos grupos se mantém apenas com essa verba, outros, conseguem patrocínios e aí onde a coisa fica estranha, onde o carnaval, essa prática de reinvenção, de suspensão da vida, fica refém das marcas de cervejas e põem suas baterias na avenida, tocando de forma homogênea, reproduzindo, muitas vezes de forma atabalhoada, um carnaval pouco cearense, de batucadas de samba enredo barulhentas e quase nada comunicativas, com “puxadores” simulando o que de pior aconteceu com o carnaval carioca.

Porém, pra suspender a existência e as obrigações da vida, aos domingos de manhã, na praça Passeio Público e na casa José de Alencar, tem o pré-carnaval Piquenique Bailinho e o Sivozinha Folia, pra criançada se fantasiar e cair na folia lúdica dessa festa tão importante, onde a molecada se veste de odalisca, sultão, reis, rainhas, fadas, príncipes e pulam, gritam, levando pra gente a certeza de que a cidade deveria ser um desfile de carnaval regido pela molecada, pra gente poder se entregar na brincadeira.

Este slideshow necessita de JavaScript.

Já to ansioso pro carnaval chegar logo e tomara que demore a passar. Até a próxima…

 

Confira a programação completa dos blocos: 

Bloco Chão na Praça
Concentração: 07/01 – 14/01 – 21/01 e 28/01 com especial Baile de Fantasias – das 19h às 22h30
Onde: Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
Bloco Luxo da Aldeia
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 19h
Onde: Mercado dos Pinhões – Praça Visconde de Pelotas, Nº 41 – Centro
Bloco Coração Benfica
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 18h
Onde: Rua Adolf Herbster com Waldery Uchôa – Benfica
Bloco Afro Kebra Mola
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 17h:30min
Onde: Rua Entardecer, s/n na Praça do ABC – Vicente Pinzon, Santa Terezinha
Bloco Maria da Legião
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 19h
Onde: Rua Teófilo Gurgel entre as ruas Henrique Autran e Julio Pinto – Monte Castelo
Bloco Segura o Copo
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 18h
Onde: Praça João Gentil – Benfica
Bloco Que Merda é Essa?
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 17h
Onde: Rua João Cordeiro, Nº 556 – Praia de Iracema
Bloco Lord
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 16h
Onde: Rua Major Facundo, Nº 1712 – Centro
Bloco Simpatia
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 18h
Onde: Praça do Conjunto Enéas Arruda, situada entre as ruas Cap. ,João Fereira Lima – Dias Macedo
Bloco Cabeça de Touro
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 18h
Onde: Rua 69, 2ª Etapa – José Walter
Bloco Kuekão de Kouro
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 20h
Onde: Rua Gonçalves Alves Rodrigues, Nº 402 – Pici
Bloco Unidos do Morro
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016
Onde: Travessa da Saudade, esquina com rua do Trilho – Moura Brasil
Bloco K + 1
Concentração: 08/01/2016 – 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 -19h
Onde: Rua Padre Mororó, Nº 1191 – Centro
Bloco Bonde Batuque
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 17h:30min
Onde: Rua João Cordeiro, Nº 655 – Praia de Iracema
Bloco Unidos da Cachorra
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 16h
Onde: Rua Dragão do Mar, Nº 20 – Praia de Iracema
Bloco do Baqueta
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 16h
Onde: Rua Almirante Jaceguai – Centro Dragão do Mar – Praia de Iracema
Bloco Cheiro
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 20h
Onde: Rua Padre Justino, Nº 168 – Praia de Iracema
Bloco Camaleões do Vila
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 17h
Onde: Rua Dragão do Mar, Nº 80 – Restaurante Amicis
Bloco Monte Folia
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Praça Coronel João Pontes (rua Benjamim Barroso com rua Antônio Drumont) – Monte Castelo
Bloco Doido é Tú
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 17h
Onde: Rua Frei Marcelino, Quadra do Campo Novo Ideal, em frente a Fundação Educacional Silvestre Gomes, Nº 1511 – Rodolfo Teófilo
Bloco Império da Vila
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Rua Gomes Passos com Vicente Saboia (Praça Valentim Monteiro) -Carlito Pamplona
Bloco Carnalito
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 19h
Onde: Rua Teodoro Cabral, Nº 600 – Carlito Pamplona
Bloco Bons Amigos
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 26/01/2016 – 30/01/2016 – 14h
Onde: Centro Cultural Dragão do Mar – Praia de Iracema
Bloco Cachorra Magra
Concentração: 09/01/2016/ – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Rua Marechal Deodoro da Fonseca, Nº 216 – Benfica
Bloco Me Ache Folia
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 17h
Onde: Rua Vicente de Paulo entre as ruas Thomaz Rodrigues e Perdigão – Antônio Bezerra
Bloco Fina Flor
Concentração: 10/01/2016 – 17/01/2016 – 24/01/2016 – 31/01/2016 – 16h
Onde: Rua Manoel Jesuino esquina com Rua João Arruda – Varjota
Bloco Balaku Baku Folia
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Rua Rúbia Sampaio, Nº 1469 – Farias Brito
Bloco Peryboneco
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Rua Dom Henrique, Nº 305 – Vila Pery
Bloco Concentra Mas Não Sai
Concentração: 09/01/2016 – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Praça do Ferreira – Centro
Bloco dos Bodes
Concentração: 10/01/2016 – 16h; 17/01/2016 – 24/01/2016 – 30/01/2016 – 17h
Onde: Desembargador Faustino de Albuquerque – Praça Nossa Senhora Aparecida – Jardim das Oliveiras
Bloco Sai na Marra
Concentração: 10/01/2016 (10h) – 16/01/2016 – 23/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Rua Douto Almeida Filho, Nº 326 – Bairro Ellery
Tambores Carnavalescos
Concentração: 10/01/2016 – 17/01/2016 – 24/01/2016 – 31/01/2016 – 16h
Onde: Rua dos Tabajaras, Nº 397 – Praia de Iracema
Bloco Mercado Folia
Concentração: 09/01/2016 – 16h:30min
Onde: Rodovia BR 116 Km 02, com rua Tenente Roma, Nº 013 – Mercado de Arte e Cultura da Aerolândia – Aerolândia.
Bloco Sivozinha Folia
Concentração: 10/01/2016 – 17/01/2016 – 24/01/2016 – 31/01/2016 – 9h
Onde: Avenida Washington Soares, Nº 6055 – Messejana
Bloco Relaxa Bebê
Concentração: 10/01/2016 – 17/01/2016 – 24/01/2016 – 30/01/2016 – 17h
Onde: Rua Dom Jeronimo, Nº 256 – Farias Brito
Bloco Vassouras do Babau
Concentração: 15/01/2016 – 22/01/2016 – 29/01/2016 – 02/02/2016 – 18h:30min
Onde: Rua Floriano Peixoto com Antônio Pompeu – José Bonifácio
Bloco Messê Folia
Concentração: 16/01/2016 – 23/01/2016 – 18h
Onde: Rua Uberlândia, entre as ruas Angélica Gurgel e rua Santa Efigênia – Messejana
Bloco Me Chama Que Eu Vou
Concentração: 16/01/2016 – 23/01/2016 – 18h
Onde: Quadra de esportes do bairro Sítio São João, situada entre as ruas 39 e 42 – Sítio São João
Bloco Damas Cortejam
Concentração: 17/01/2016 – 15h
Onde: Praça da Gentilândia – avenida 13 de Maio, S/N – Benfica
Bloco Lauro Maia
Concentração: 21/01/2016 – 18h
Onde: Centro de Juventude Igor Andrade – Raquel Holanda com Rua Gonçalo de Lagos – Bairro Ellery.
Bloco do Jardim América
Concentração: 21/01/2016 – 23/01/2016 – 29/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Praça do Jardim América – Rua Delmiro de Farias – Jardim América
Bloco Amigos da Folia
Concentração: 22/01/2016 – 29/01/2016 – 18h
Onde: Avenida Plácido Castelo, Nº 473 – Jardim das Oliveiras, Tancredo Neves.
Bloco Pirambulando
Concentração: 22/01/2016 (19h) – 24/01/2016 (15h) – 29/01/2016 (19h) – 31/01/2016 (15h)
Onde: Vila do Mar, esquina com Tv Deuzimar – Pólo Parque Oeste – Pìrambu
Bloco Filhos do Sertão na Folia
Concentração: 22/01/2016 – 19h
Onde: Avenida Plácido Castelo – Jardim das Oliveiras
Bloco Chei dos Paus
Concentração: 23/01/2016 – 16h
Onde: Avenida Bernardo Manoel – Pequeno Mondubim
Bloco Zueira
Concentração: 23/01/2016 – 30/01/2016 – 19h
Onde: Rua Mato Grosso, Nº 387 – Pan Americano
Bloco Matou a Pau…ta!
Concentração: 23/01/2016 – 30/01/2016 – 17h30
Onde: Praça Murilo Borges – Rua Floriano Peixoto com Rua Pedro I – Centro
Bloco Sapirangueiros
Concentração: 23/01/2016 – 15h
Onde: Rua Tancredo de Sousa Carvalho – Sapiranga
Bloco Kururu da Lagoa
Concentração: 23/01/2016 – 19h; 24/01/2016 – 17h; 29/01/2016 – 19h; 30/01/2016 – 19h
Onde: Rua Valdemar Tavares, esquina com Francisco Matias – Lagoa Redonda
Bloco Filhos de Fafá
Concentração: 23/01/2016 – 16h
Onde: Rua professor Joaquim Antônio, Nº 45, casa 85A – Vila Ellery
Bloco Tá Dentro Deixa
Concentração: 23/01/2016 – 24/01/2016 – 30/01/2016 – 31/01/2016 – 18h
Onde: Avenida Central – 3ª Etapa – Conjunto Ceará
Bloco Tô com Juninho
Concentração: 28/01/2016 – 29/01/2016 – 04/02/2016 – 05/02/2016 – 19h
Onde: Rua Rio Grande do Norte, Nº 707 (Campo Guararapes) – Demócrito Rocha
Bloco A Turma do Mamão
Concentração: 28/01/2016 – 29/01/2016 – 04/02/2016 – 05/02/2016 – 19h
Onde: Praça dos Navegantes (Rua Aprendiz de Marinheiro) – Moura Brasil
Bloco Jardim Folia
Concentração: 29/01/2016 – 30/01/2016 – 18h
Onde: Rua Arakem, pracinha do conjunto Jaciara – Jardim Iracema
Bloco Mata Galinha
Concentração: 29/01/2016 (17h) – 30/01/2016 – (16h)
Onde: Dia 29/01 Praça central do conjunto Renascer / Dia 30/01 avenida Pedro Dantas s/n em frente a EEFM Antônio dias Macedo – Dias Macedo
Bloco do Isprito
Concentração: 30/01/2016 – 17h
Onde: Rua L, Nº 126 conjunto João Paulo II – Barroso
Bloco A Turma do Barba Roxa
Concentração: 30/01/2016 – 16h
Onde: Avenida Lea Pompeu com rua João Luiz Santiago -Jardim das Oliveiras
Bloco Velha Guarda de Iracema
Concentração: 07/02/2016 – 08/02/2016 – 19h
Onde: Rua Dragão do Mar, Nº 1070 – Praia de Iracema

Feirinhas orgânicas e a possibilidade de pensar a agricultura urbana

IMG_6374

Sabe uma boa pedida pra uma terça-feira de manhã? Mercado dos Pinhões, na Praça Visconde de Pelotas, entre a Nogueira Accioly e a Gonçalves Lêdo, no centro, próximo a Praia de Iracema. O Mercado dos Pinhões é parte do antigo Mercado das Carnes, que foi inaugurado em 1897. O mercado tem sua estrutura de ferro produzida na França, portanto ela poderia ser deslocada facilmente, tanto é que a outra parte do mercado está ali na Aerolândia, já repararam? Na feirinha, perto da BR-116. Fiquem atentos quando passarem por lá, verão a mesma estrutura montada.

Pois bem, vi no perfil da SECULTFOR a divulgação da feirinha do mercado, com produtos orgânicos, como só conhecia a feira da Gentilândia, resolvi visitar a turma do mercado e foi bem interessante. Primeiro pela diversidade de produtos originais, muita coisa que eu nem conhecia, como a batata yacon, produto original da cordilheira dos andes, excelente para combater diabetes e colesterol alto e uma curiosidade, você a come crua, é bem doce, uma delícia. Encontrei molhos de tomate orgânicos, Kimchi, um condimento coreano delicioso, ricota orgânica (feita com castanha de caju e uma serie de iguarias).

IMG_6368

Conheci um casal sobralense, Seu Nonato e Dona Paulinha, que fazem parte da associação da feirinha, no box deles tinha uma variedade interessante de produtos; arroz orgânico, feijão, milho, manteiga de garrafa, mel de engenho, mel com favo e até Kefir que é, na verdade, lactobacilos vivos, excelentes pra “rearranjar” a flora intestinal e tudo a preços acessíveis. O vizinho do casal era o Wagner, um dos coordenadores da associação, todos seus produtos vêm de seu sítio, no Mulungu, inclusive o Shimeji fresquinho que ele traz. Enfim, uma variedade riquíssima de produtos que nos possibilitam arriscar vários pratos diferentes e saudáveis, explorando da culinária sertaneja até as iguarias asiáticas.

O que nos chama atenção da feira é o quanto de produtos podemos, inclusive, produzir em nossas residências: manjericão, tomate cereja, cheiro verde, pimentão, pimenta, alecrim, beterraba, cenoura, além das plantas medicinais. Pra quem tem um espaço maior, um quintal grande, aí pode ter até frutíferas. A questão é que além da iniciativa, digamos, familiar, é preciso também pensarmos criteriosamente, já que cada dia nos deparamos mais com produtos industrializados, frutas e verduras entupidas de agrotóxicos, produtos cultivados com sementes transgênicas e coincidentemente (aliás, NÃO) o crescimento acintoso de câncer nas pessoas. Você tem ideia do quanto de agrotóxicos consumimos (somos o país que mais consome veneno no mundo)? Você tem ideia da quantidade de hormônios que dão aos frangos de corte? E o formol, que parece ser prática corriqueira e em larga escala nos cortes bovinos? Você realmente quer consumir isso?

Temos que repensar o que consumimos, em todas as esferas; o quanto consumimos o que consumimos e o porquê consumimos. A alimentação passa por esse processo de conscientização, principalmente pra nós que vivemos num ambiente urbano e caótico, com horários corridos e deslocamentos constantes, e mais; temos que pensar o envolvimento do poder público nesse debate, de leis que proíbam o uso de agrotóxicos e sementes transgênicas na produção até o detalhamento nutricional do que consumimos nos estabelecimentos. Inclusive, um incentivo pesado na agricultura urbana. Pensar os telhados verdes, o consumo consciente, a otimização dos espaços vazios urbanos para prática de agricultura, as praças com mandalas e frutíferas, escolas com hortas, massificar a consciência ecológica e o cuidado com o meio ambiente, isso dirá muito sobre quem seremos futuramente.

Essa ideia de “maluco” não está longe de nós não, há várias cidades que vem investindo em agricultura urbana, como Berlim, Amsterdã, Copenhague, Estocolmo e, bem pertinho de nós, São Paulo. Seria também fundamental essa prática junto as comunidades menos assistidas, marginalizadas, empregando hortas comunitárias e incentivando as pessoas a produzir e gerenciar em coletivo, envolvendo as famílias, diminuindo o custo com o básico, garantindo um processo de autonomia e pertencimento. Com certeza, essas iniciativas não ficam em nós apenas no âmbito trivial, mas influencia no tipo de cidadão que seremos em nossa cidade, na nossa visão de mundo e capacidade de transformação. Vamos pensar e estudar mais sobre a agricultura urbana como uma das várias ações para transformar nossa cidade em uma cidade voltada para pessoas.

Se você tem mais interesse, vou disponibilizar uns vídeos da galera do MUDA (Movimento Urbano de Agroecologia).

links:

Que Cidade Queremos?

12241790_1019649458067195_6323775675017257508_n

No último sábado, dia 21/11, lá no Parque Rio Branco, aconteceu um evento bem especial, organizado pelo recém criado Instituto Coletivo Alumiar – ICA, um coletivo feito por uma turma que gosta de discutir e intervir na cidade. O nome do evento foi Contextos Urbanos – Olhares Sobre a Cidade, que trouxe o tema “Que Cidade Queremos?”. Os palestrantes convidados foram os professores Meneleu Neto, da UECE e Nilo Sérgio, sociólogo e professor de história.

O Parque Rio Branco foi um cenário perfeito, muitas árvores e gente caminhando na praça. Aquele espaço, que muita gente acha abandonado, está bem cuidado (embora poderia estar melhor), sempre tem guardas municipais e gente praticando atividades físicas, um espaço que poderíamos ocupar mais.

3

O professor Meneleu começou a explanação levantando alguns pontos bem interessantes, explicando um pouco do crescimento da cidade e levantando o debate acerca da falta de planejamento urbano e a importância do meio ambiente como fator principal em se planejar uma cidade. Ele tem experiência no assunto, já que foi secretário de planejamento em Fortaleza e contribuiu estreitamente com a construção do plano diretor, além de ter sido uma das principais vozes, por parte da gestão, na luta contra a vinda do estaleiro do Titãnzinho.

Dentre várias falas, do professor Meneleu e Nilo Sérgio, o último que fez um passeio pela fortaleza dos conflitos e afetos, que nos apaixona e arrebata com a mesma força com que nos espanta e amedronta, a Fortaleza dos heróis históricos, dos nomes de ruas, das oligarquias, da vaia ao sol, do irônico cruzamento das ruas Padre Mororó e Pedro I. Essa Fortaleza que produz memória e resiste com ela, está carente de nosso apreço pela memória da cidade. Nos sabendo sujeitos dessa cidade, aprendendo e olhando pra trás, poderemos tomar as rédeas dessa cidade.

IMG_4446

Dentre os vários aspectos citados por ambos professores, alguns me chamaram atenção, principalmente a provocação do Meneleu acerca do adensamento da cidade e os serviços pensados de forma coletiva. Nas rodas de conversa informais nós sempre tratávamos a cidade como um lugar caótico pela enorme concentração de pessoas, na fala do urbanista, ele trouxe um outro olhar; imaginemos a cidade adensada, mas de forma planejada, privilegiando espaços públicos, propondo espaços coletivos de convivência como lavanderias coletivas, restaurantes populares, escritórios e toda a sorte de serviços do nosso cotidiano que sejam possíveis de coletivizar.

1Ideia estranha, mas bem provocadora, pensar no urbano de forma adensada, em serviços públicos e coletivos de qualidade, preservação de parques ecológicos e espaços públicos coletivos onde as pessoas se encontrem; começar a pensar os urbanos vazios como pontos de possíveis a prática de agricultura urbana, e mais; deixar de pensar a mobilidade a serviço da cidade de circulação de mercadorias (a cidade do carro) e ir além, pensar a cidade para as pessoas. Nesse ponto a fala do professor Meneleu é complementada pelo professor Nilo que chega no ponto crucial; a cidade dos afetos!
Vamos começar a exercitar a cabeça e pensar e nos mobilizar para lutarmos pela cidade onde as pessoas sejam felizes, onde circule conhecimento, afeto, memória e não apenas mercadorias.

12278851_1019649398067201_269005779641065806_n

Legalizar?

 

Marcha da Maconha

A última chacina que aconteceu em Fortaleza, que matou cerca de 12 pessoas, levanta, por trás da cortina de fumaça de acusações e opiniões acaloradas, o debate acerca das mortes diretas e indiretas ligadas ao tráfico e a violência que o cerca. O que me vem sempre a cabeça é a necessidade de se discutir de forma limpa e ampla a legalização da maconha. Me arrisco a propor um debate inteligente sobre o assunto pra que nos informemos sobre o tema, mesmo causando desconforto em muitas pessoas, mas já passou da hora de lançarmos um olhar mais crítico.

Por que legalizar?

Para acalorar o debate, fiz aqui um conjunto de tópicos, baseados no pensamento da professora Gilberta Acselrad que é mestra em educação e coordenadora do curso de extensão universitária “Drogas e Aids: questões de direitos humanos”, no Programa Cidadania e Direitos Humanos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Leiam os tópicos e vamos debatendo de maneira inteligente, se abrindo para o tema e sabendo que em um debate é preciso estar aberto a convencer e ser convencido e lembre-se que nosso espaço é para nos debruçarmos sobre a cidade e o consumo e comercialização de drogas ilegais é um problema que devemos ter todo cuidado em entender.

Por fim, vou deixando dois vídeos bem bacanas sobre o tema, umda própria professora Gilberta Acselrad e outro do Prof Sidarta Ribeiro, neurocientista da UFRN.

Vamos lá?

  •  Mas não há razões suficientes para crermos que o “problema” da droga esteja apenas no consumo, como insistem alguns governos, instituições e parte da mídia. O consumo parece ser a ponta de um iceberg, expressão do mal-estar do sujeito no mundo moderno. Pois a demanda não brota espontaneamente, ela é produzida social e historicamente.
  •  Obscurece-se o contexto de uso. Não vem à tona o fato de que, em se tratando de drogas como maconha e cocaína, nos países subdesenvolvidos, grupos sociais que estão fora do controle da economia institucionalizada dominam o cultivo, a produção e parte do transporte de drogas. Minimiza-se a responsabilidade dos setores financeiros dos países desenvolvidos, no comércio de insumos necessários à produção, sua responsabilidade na lavagem e apropriação dos fundos provenientes do comércio ilegal.
  • A incapacidade de controlar os hábitos de consumo se manifesta não só nas políticas que tentam erradicar o consumo de drogas ilícitas, como também nos espaços educacionais, familiares e de trabalho. Há, na realidade, um grande confronto entre uma lógica econômica que, ao mesmo tempo em que combate uma mercadoria de consumo ilegal, estimula sua necessidade pela produção de uma vida social competitiva, permeada pela iminência de exclusão.
  • Predomina a tendência a buscar um culpado: o inimigo externo, o “vírus” que ataca o corpo social sadio, provocando a doença que é preciso erradicar. As políticas de drogas, mesmo quando têm um discurso que se aproxima do politicamente correto – combate limitado ao uso indevido, abusivo, ações que levem em conta o contexto local, noção de que no “problema” interferem o produto, a personalidade do usuário e o contexto de uso, na prática –, como foi o discurso oficial do governo FHC, de alguma forma ainda contribuem para fortalecer a noção de que a população consumidora é a responsável pelo descontrole, confirmando a necessidade indiscutível da erradicação do uso.
  • Na prática da política de drogas, no Brasil tem predominado a preocupação essencial com os produtos ilícitos – quando, de fato, no país, as pesquisas indicam o uso preponderante de substâncias (uso na vida e uso dependente) de venda legal – álcool, tabaco, solventes, tranquilizantes, remédios para emagrecer, só depois seguidos pela maconha e cocaína – nos levantamentos realizados com estudantes.
  • Ainda que as pesquisas realizadas sobre consumo de bebidas alcoólicas evidenciem a associação do uso indevido e comportamentos de risco e ainda que seja clara a associação entre o hábito de fumar (tabaco) e doenças respiratórias, as políticas oficiais são perigosamente condescendentes com esses hábitos, na medida, talvez, da legalidade dessas drogas.
  • Por outro lado, não é considerado o uso involuntário de drogas, aquele que resulta do contato com substâncias psicoativas, altamente tóxicas, presentes no processo de trabalho agrícola e industria. Desqualifica-se a pessoa como sujeito de sua história, de suas escolhas. Afinal, a droga é apresentada quase como um vírus contra o qual a “vacina” da proibição e da repressão surge como a única solução;maconha
  • Resgatar a memória sobre o consumo de drogas, ontem e hoje, aqui e em outros países, ajuda a pensar formas democráticas de lidar com o que hoje se tornou um “problema”. Cada sociedade, em cada momento de sua história, encontrou uma forma de lidar com as drogas, seja sua produção ou seu consumo. Em alguns momentos, controles individuais e coletivos foram suficientes para reduzir danos. O hábito de beber vinho puro já foi considerado um ato pouco cidadão.
  • Usos restritos a alguns grupos, usos diferenciados de acordo com a idade, usos restritos a determinados momentos, cercados por rituais coletivamente elaborados e aceitos por toda a sociedade, essas são práticas registradas pela história, na intenção de minimizar danos eventuais. Hoje, o ritual coletivo perde-se no projeto de satisfação individualista. Sugere-se que o sonho do consumo “cria identidade”. E, se as decepções de um mundo que escapa aos nossos desejos, as angústias próprias da vida nos afligem, o caminho de busca solitária de compensações está aberto, e, nessa busca, as drogas são uma opção de fácil acesso e resultado imediato.
  • O usuário dependente realiza, inconscientemente, o ideal de “homo economicus”, que, no modelo liberal, coloca como valor máximo a satisfação dos desejos individuais, sem nenhuma imposição de valores críticos. “O prazer autônomo tanto quanto possível, independentemente de todas as relações, é reduzido à ativação de uma substância com outra. Do prazer percebido como subproduto de alguma combinação de atividades que estavam em harmonia com o bem-estar do indivíduo e da espécie, hoje, passamos a seu acesso direto pela via elétrica ou química que nos exime de lidar com decepções. Mas o enfoque autônomo do prazer individual subjetivo é literalmente mortal.”
  • Ao “problema” do uso indevido se soma o grave quadro de envolvimento de crianças no tráfico, com sua expressão de violência crescente. Mas a prevenção, até agora realizada, seja amedrontando os usuários quanto aos danos, dados como certos e inexoráveis, seja na sua forma repressiva, não tem conseguido resultados positivos.
  • No que se refere ao uso indevido, predomina a prevenção – forma de evitar a própria experiência da droga –, mas na sua expressão autoritária.
  • Educar para a autonomia – “ajudar o outro, esse feixe de pulsões e imaginação, a tornar-se um ser humano, capaz de governar e ser governado”(Castoriadis)
  • A educação para a autonomia é um processo que começa na idade zero e que ninguém sabe quando termina. É um projeto pedagógico que procura desenvolver a capacidade de aprender do sujeito – aprender a aprender, aprender a descobrir, aprender a inventar.
  • No projeto de educação para a autonomia, dois princípios são firmemente defendidos: todo processo de educação que não visa desenvolver ao máximo a atividade própria dos alunos é ruim; todo sistema educativo incapaz de fornecer uma resposta razoável à questão eventual dos alunos – “Por que deveremos aprender isto?” – não terá sucesso.
  • A política de drogas tem se limitado a reprimir a transgressão, com uma inovação recente: o Programa de Justiça Terapêutica, proposta de tratamento compulsório – mais uma vez identificando uso e dependência – como alternativa à perda da liberdade. As instituições que acolhem crianças em conflito com a lei estão muito longe de proporcionar alternativas reais de inserção social digna e cidadã. Por isso, a falência dessa prevenção, que é esvaziada de sentido real. Tentar erradicar algo que faz parte da nossa história, de maneira meramente repressiva, exagerar riscos, dar informações genéricas, confusas ou mesmo errôneas como se fossem “verdades” desde sempre comprovadas, propor “alternativas” de uma falsa profissionalização, para quem teria de ter sua infância resgatada, são algumas das tentativas da prevenção que tendem a se frustrar.
  • Mais do que nunca, a possibilidade de conhecer e dispor de informações sempre atualizadas e amplas é o melhor caminho para educar para a possibilidade de refletir e agir no interesse próprio e da coletividade.
  • Até que ponto o consumidor de drogas ilícitas, na sua transgressão individual, não está correspondendo ao ideal liberal de consumidor acrítico? Até que ponto as crianças em situação de violência armada organizada, com o seu envolvimento crescente no “trabalho” do tráfico, não estão reforçando o fracasso do poder público, que não conseguiu honrar o contrato social a que os cidadãos têm direito?
  • Em algumas campanhas veiculadas pela mídia, a imagem do dependente, na deterioração física apresentada com um fato indiscutível, pode ser confundida com o aspecto de uma pessoa com dengue hemorrágico.
  • Episodicamente, temos as campanhas da chamada “prevenção”. É curioso observar aqui, de novo, a tendência de provocar impacto no público-leitor, por meio de imagens e linguagem sensacionalistas, sugerindo um estado de guerra individual e coletiva.anvisa-reclassifica-ocbd-e-agora
  • Em outdoors, frases aparentemente ingênuas reforçam a irracionalidade, a discriminação. Dizer “Drogas, tô fora” motivou, pela sua inconsistência, o complemento jocoso, pichado num muro de Porto Alegre: “Claro, saí para comprar”. Afirmar “Drogas, nem morto” também não tem sentido algum: uma vez morto, o sujeito não tem escolhas. Dizer que “Quem se droga é triiiiiste” é generalizar a experiência negativa, ainda que os riscos sejam reais. É fazer de conta que uma festa não perde a graça quando a bebida acaba, é nunca ter observado o prazer que dá tragar um cigarro, ou ainda ignorar a tranqüilidade experimentada logo após a ingestão de um medicamento contra a dor ou para dormir. Dizer que “Droga é brega” expressa, sem que se perceba, um preconceito em relação às pessoas chamadas de “bregas”, que o são apenas aos olhos de quem assim as consideram – afinal, cada pessoa tem seu estilo e dele se orgulha. E o que significa dizer que “Droga é uma merda”? O que informa essa frase para quem já experimentou e sentiu prazer, calma, alívio? Campanhas dessa natureza não educam, são desconsideradas pelos usuários ou, o que é tanto mais grave, confundem.
  • São frases que não preparam, de fato, o sujeito para refletir e agir de forma consciente, diante dos riscos que sem dúvida existem. São palavras de ordem que continuam sendo difundidas, carregadas de uma intenção de prescrever vacinas que ilusoriamente nos protegeriam. Mas nessas campanhas, recentemente, surgem também novos enfoques em que a relação pais/mães e filhos(as) é valorizada. Novos motes apontam a necessidade da autonomia: “Quem escolhe meu caminho sou eu, não a droga”, frase mais identificada com a noção de que somos sujeitos de nossa história.
  • A criminalização do usuário é um absurdo jurídico: o Estado exacerba no seu direito de legislar quando legisla no espaço privado, quando não há prejuízo de terceiros.
  • Por mais contraditório que possa parecer, descriminalizar o uso de drogas, quaisquer que elas sejam, com definição no texto da lei sobre quantidade que evidencie uso pessoal, abre caminho para uma educação democrática que reduza os danos decorrentes do consumo. Essa possibilidade já é real em alguns países da Europa, como na Holanda – e, mais recentemente, Espanha e Portugal. Na Bélgica, descriminalizou-se o uso de maconha. Sob outra perspectiva, no Canadá, o uso terapêutico da maconha é autorizado no caso de doenças terminais.
  • Argumenta-se que, em sociedades onde predomina uma forte desigualdade social, os privilégios de alguns grupos sociais já garantem a descriminalização, de fato, do uso para esses mesmos grupos. Sem alteração desse contexto, a descriminalização legal não garantiria, automaticamente, tratamento democrático para grupos já marginalizados. Para estes, o “problema” droga continuaria existindo, com a manutenção da desigualdade estrutural.
  • No nosso país, a lei que regulamenta o consumo de drogas data de 1976, Lei 6.368, elaborada durante a ditadura militar, que vigorou no Brasil a partir de 1964, o que significa dizer que carrega as características da política de exceção e controle social daquela época. No texto dessa lei, embora se reconheça a dependência de drogas como uma doença, o tratamento previsto é a perda da liberdade. Incentiva-se a delação como método, diretores de escola estão sujeitos à perda de eventuais subvenções, caso não denunciem e afastem alunos usuários de drogas ilícitas.
  • Mais recentemente, o usuário que é flagrado com uma pequena quantidade de uma droga ilícita se beneficia da Lei 9.099/95, que, tratando dos juizados especiais criminais, permite penas alternativas à prisão, em casos comprovados de pequeno potencial ofensivo, seguindo o exemplo da experiência norte-americana de cortes especiais para tratar o “problema” da droga em si, descontextualizado.
  • A lei interdita o uso, criminaliza o usuário. A prevenção, na sua busca de erradicar o uso, reforça a responsabilidade restrita ao sujeito da experiência. Ao consumo indevido se somam a violência e a criminalidade, decorrentes da ilegalidade da prática e não específicas ao efeito da droga no sujeito. A orientação sobre os eventuais danos decorrentes do uso não acontece, e a demanda por tratamento se esquiva. O empenho na “prevenção” não resultou em diminuição do consumo, que aumenta e se diversifica; afinal, são tantas e novas as substâncias psicoativas que surgem no mercado…
  • Em muitos países, o consumo de drogas vendidas legalmente é maior que o consumo das drogas ilícitas – a França é um país com forte consumo de tranqüilizantes; na Bélgica, predomina o consumo de produtos de uso doméstico, em cuja composição estão presentes substâncias psicoativas. O “problema” da droga está, assim, organizado conforme a especificidade dos contextos.
  • A reflexão que permita um agir consciente, organizado em torno a controles individuais e coletivos de uso, poderia limitar os eventuais danos? Experiências passadas indicam que sim; afinal, o uso indevido de forma generalizada é uma característica da nossa época. A experiência recente do controle do uso do tabaco também indica que sim. Seria impensável, há dez anos, imaginar a realidade atual de controle desse consumo em espaços públicos.
  • Percebe-se a construção de uma cultura de resistência. Iniciativas locais, comandadas por mulheres/mães, organizam redes alternativas de educação para jovens das comunidades, tentando romper a “atração” pelo tráfico. Outros projetos reúnem homens que questionam o modelo masculino do beberrão agressivo e investem na construção de uma consciência masculina solidária. Associações reúnem usuários de drogas na luta pela defesa dos seus direitos, em âmbito continental, nacional, com algumas representações estaduais. Profissionais de saúde e da área social se associam preocupados em garantir uma prática comprometida com a ética, com os direitos de cidadania.

Links;

Um Brinde ao Serra Pelada

dsc_0914

Dia desses, visitando a Gomes de Matos, resolvi parar ali no Serra Pelada, bar e restaurante que existe, há pelo menos, uns 40 anos. Hoje o bar é administrado pelo Santiago, sujeito gente boa, receptivo, como é a característica do ambiente; simples e acolhedor. O lugar é particular, você sai do caos do trânsito, se desviando das pessoas que estão na correria do comércio, das ruas de circulação de mercadorias e entra no aconchego do bar onde não há calor que não seja suprimido pela cerveja gelada que o Santiago tem guardada nos freezers, inclusive, dou a dica, se estiver pela região e quiser dar uma desacelerada necessária, vá ao Serra Pelada, coma uma panelada, tome uma ampola gelada e volte pro batente, a gente fica até pensando melhor.

Como disse, o estabelecimento existe há mais de 40 anos, pertencia a um garimpeiro, porém, era seu irmão quem tomava conta do lugar. Há 32 anos o bar mudou de dono, parou na mão de seu José Ferreira que manteve a tradição servindo iguarias leves, como panelada, buchada, sarrabulho, carneiro cozido e demais acepipes da maior qualidade gastronômica. Mas o destino se encarrega de contar boas histórias e Santiago, que trabalhava com tecidos em uma loja da Gomes de Matos, conheceu Daniele, filha de seu José, dono do Serra Pelada e então o amor fez o resto. Como nem tudo são flores, depois do casamento, seu José teve uns problemas de saúde e Santiago resolveu ajudar, usou a lembrança de cliente e se pôs atrás do balcão, ajudando o sogro e a esposa a tocar esse arauto de resistência que o Serra Pelada!

São 14 anos atrás do balcão! Seu José se aposentou e deixou nas mãos de Santiago e Daniele a incumbência de tocar o restaurante, coisa que o casal vem fazendo com esmero “tudo que a gente faz é com carinho, não ficamos rico, mas conseguimos tocar a vida em frente e ir melhorando aos pouquinhos” conta, orgulhoso, Santiago, entre uma cerveja e outra. 22699282998_7ceaef93dd_o.jpgEsses personagens da vida real viram a cidade crescer ao redor do mundo deles; a Gomes de Matos foi duas mãos, comércios que abriram e fecharam, pessoas que circularam por ali, gente que nasceu, gente que morreu e aí a gente se pergunta; o que a cidade faz pra preservar as memórias?

Hoje, em frente ao Serra Pelada, foi construída uma estação de bicicletas, desse projeto da prefeitura. Uma iniciativa correta, mas que ela revela pequenos detalhes que mostram nosso desinteresse com a história. Além do relato chateado de Santiago, que reclama da falta de diálogo na construção da estação, que surgiu de um dia pro outro “rapaz um amigo me avisou, pelo telefone, que tinha uma surpresa na frente do restaurante, pensei no pior, mas quando vi era a estação de bicicletas, eu tava lá no domingo de manhã e a estação surgiu na segunda”. Fato é que além da ausência de diálogo, algo mais complexo tinha sido alijado do processo; a escolha do nome.

A estação chama-se Esplanada, em referência ao estabelecimento da poderosa família Otoch, que é também um dos pontos de referência da avenida, porém, não tem o tempo e a representatividade histórica e patrimonial que o Serra Pelada ostenta. São mais de 40 anos, muitos homens e mulheres passaram por ali, gente rica, pobre, assassinos, advogados, médicos, comerciantes, trambiqueiros, estudantes, artistas, políticos, donas de casa e toda a sorte de cidadãos que compõe a cidade. A estação devia chamar-se SERRA PELADA ao menos isso a cidade poderia, delicadamente, presentear, a ela mesma! É grave, muito mais grave do que parece, pensarmos o desenvolvimento apagando nossas memórias, isso nos transforma em sujeitos sem identidade. Vamos atentar para as delicadezas que nossa cidade tem. Vamos fazer nossa cidade crescer valorizando nossa história.