Nem Tudo é História de Pescador

Seu Gilberto

Gaiúba, Ariacó, Pargo, Cavala, Tilápia… E aí, vai um peixe pro almoço?

O Mercado Público do Montese, mais conhecido como Mercado dos Peixes, é uma excelente pedida pra gente que sente uma vontade de fritar um peixinho e tomar uma cerveja gelada nos fins de semana, fica na Gomes de Matos, Nº 1085. Você encontra uma variedade enorme de peixes, alguns ainda vivos, em tanques. De água salgada ou doce, esses peixes eram vendidos, há anos, na beira das calçadas ao longo da Gomes de Matos. Essa ação da prefeitura foi interessante, já era necessário que esses feirantes fossem ordenados num espaço adequado, inclusive em termos higiênicos, substituindo os baldes de água pela pia com água corrente.

Segundo seu Laurindo, peixeiro conhecido na região há mais 20 anos, “a clientela confia mais, agora a gente tem um balcão onde tratamos os peixes e água corrente, melhorou muito”. E parece não ter melhorado apenas pelas condições estruturais e higiênicas, mas pelo fluxo de clientes que aumentou. O mercado tem dois espaços, um térreo e um primeiro andar, onde fica um galpão com mais 3 boxes e um amplo espaço ocioso. Eu, sinceramente sugeriria que o mercado tivesse um restaurante popular, aproveitando os próprios produtos vendidos ali: frutas, verduras, feijão verde, carneiro, galinha caipira, porco e claro, o carro chefe: Peixe!

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Imagine um restaurante popular no Mercado de Peixes do Montese, atendendo a todos os trabalhadores daquela região, com um cardápio de comidas típicas a preços acessíveis? Seria bem interessante, inclusive com uma programação cultural em datas específicas (Toda primeira sexta do mês, por exemplo). Fato é que esses comerciantes são parte da história do bairro, moram nas relações afetivas que sobrevivem ao tempo. Seus clientes são fiéis, o trato é diferente, podem-se ganhar horas de papo jogado fora, sobre coisas que realmente importam; como os peixes artilheiros de seu Laurindo, que jogam bola no tanque que ele tem em casa (lembram da matéria que saiu na copa?), as técnicas de pesca de sirigado que seu Batista, no alto de seus 51 anos de pescaria, ensina com generosidade; o bom humor marcante do seu Gilberto, que sorri e fala alto arengando com vizinhos de box e clientes desavisados.

Com alguns minutos de atenção e olhos e ouvidos atentos, é possível se encantar com seu Luizinho, que vende carneiro e porco de alta qualidade, devoto de São Francisco de Canindé, narra com paixão as missas durante a romaria que acontece em sua cidade anualmente: “num tem que num assista a missa e não saia depois bem leve, sem problema nenhum”, ri seu Luizinho. O mercado reúne boas histórias, sobretudo de um bairro que tem cerca de 69 anos. Então, fica a dica do Plurais Urbanos, dê um pulo no mercado dos peixes e conheça um pouco as histórias de Adauto, Milton, Ivando, Batista, Dantas e tantos outros homens e mulheres que veem a cidade crescer a muito tempo e tem muito pra ensinar a gente.

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